Escrito e dirigido por SebastiĂĄn Silva, o filme âLa Nanaâ levou dois prĂȘmios em Sundance: O Grande Premio do Jury e Melhor atriz para Catalina Saavedra, alĂ©m dos prĂȘmios de Melhor filme nos Festivais de Guadalajara e Cartagena 2009.
O filme chileno conta a histĂłria Raquel, que depois de 23 anos Ă serviço da famĂlia Valdes, sente-se usurpada quando seus patrĂ”es decidem contratar outros funcionario para ajudĂĄ-la. Raquel, entĂŁo, atravĂ©s de travessuras infantis começa a sabotar os novos funcionĂĄrios na ilusĂŁo de ser, ela, um membro da famĂlia. Apenas a Ășltima candidata, Lucy, Ă© capaz de deslocar a protagonista de seus joguinhos de sabotagem para um momento de redescoberta pessoal. As lentes de Silva acabam por revelar a fragilidade de Raquel e vĂȘ-la evoluir Ă© comovente.
Em âA Criadaâ, o diretor procura examinar, nesta complexa dinĂąmica familiar, a intercecção das forças social e pessoal que resulta numa incĂŽmoda, mas envolvente comĂ©dia dramĂĄtica que abala e humaniza este insidioso resquĂcio empoeirado da divisĂŁo de classe latinoamericana.
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Movies (77)
La Nana
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Port of Call New Orleans
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Herzog (âduqueâ em alemĂŁoâ), cultuado por sua versĂŁo do clĂĄssico de âNosferatuâ, de Murnau(1922), que levou o Urso de Prata em Berlim em 79, fez mais de 30 filmes: entre os mais recentes estĂŁo: os premiados documentĂĄrios âThe White Diamondâ(2004), âGrizzly Manâ(2005), âEncounters at the End of the Worldâ(2007), a ficção âThe Wild Blue Yonderâ e o filme de guerra com Christian Bale, âRescue Dawnâ.
O eclĂ©tico cineasta alemĂŁo, conhecido por seus inĂłspitos cenĂĄrios como Alaska, Vietnan, AntĂĄrtica e atĂ© outro planeta, este ano nos traz Nova Orleans e retoma o gĂȘnero que o consagrou: o remake, com âBad Lieutenant: Port of Call New Orleansâ.
âBad Lieutenantâ de 1992 empresta o nome e um de seus roteiristas (Victor Argo) para este longa policial recheado de nomes e rostos conhecidos do grande pĂșblico como Nicolas Cage, Eva Mendes, que sensatamente abraça sua personagem coadjuvante e deixa Cage dominar, o que, de fato, o faz muito bem, Val Kilmer e Fairuza Balk.
Em ââŠPort of Call New Orleansâ: o detetive Terence McDonagh Ă© promovido a tenente apĂłs salvar um prisioneiro de um afogamento decorrente do furacĂŁo Katrina numa cena inicial bem canastrona e com trilha policial dos anos 90. O ato âherĂłicoâ no entanto deixa seqĂŒelas e o personagem de Nicolas Cage torna-se dependente de analgĂ©sicos. Um ano depois jĂĄ nĂŁo consegue deixar de confiscar para si parte das mercadorias apreendidas no exercĂcio de sua profissĂŁo. E este seu envolvimento em atividades ilegais acaba por comprometer seus padrĂ”es morais e coloca em risco sua prĂłxima missĂŁo.
O eclĂ©tico cineasta alemĂŁo, conhecido por seus inĂłspitos cenĂĄrios como Alaska, Vietnan, AntĂĄrtica e atĂ© outro planeta, este ano nos traz Nova Orleans e retoma o gĂȘnero que o consagrou: o remake, com âBad Lieutenant: Port of Call New Orleansâ.
âBad Lieutenantâ de 1992 empresta o nome e um de seus roteiristas (Victor Argo) para este longa policial recheado de nomes e rostos conhecidos do grande pĂșblico como Nicolas Cage, Eva Mendes, que sensatamente abraça sua personagem coadjuvante e deixa Cage dominar, o que, de fato, o faz muito bem, Val Kilmer e Fairuza Balk.
Em ââŠPort of Call New Orleansâ: o detetive Terence McDonagh Ă© promovido a tenente apĂłs salvar um prisioneiro de um afogamento decorrente do furacĂŁo Katrina numa cena inicial bem canastrona e com trilha policial dos anos 90. O ato âherĂłicoâ no entanto deixa seqĂŒelas e o personagem de Nicolas Cage torna-se dependente de analgĂ©sicos. Um ano depois jĂĄ nĂŁo consegue deixar de confiscar para si parte das mercadorias apreendidas no exercĂcio de sua profissĂŁo. E este seu envolvimento em atividades ilegais acaba por comprometer seus padrĂ”es morais e coloca em risco sua prĂłxima missĂŁo.
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AquĂĄrio
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A cineasta britĂąnica Andrea Arnold abriu a disputa pela Palma DâOuro em Cannes este ano com a exibição de sua melindrosa crĂŽnica adolescente, que deixou o Festival dividindo o PrĂȘmio do JĂșri com o padre vampiro de Chan-Wook Park, de âSede de Sangueâ.
âFish Tankâ Ă© centrado na jovem Mia, crescida em um ambiente desestruturado e emocionalmente hostil, que acostumada a violĂȘncia verbal, Ă© surpreendida pelo mĂnimo de ternura que lhe prestam, acabando por despertar fascinação pelo namorado de sua mĂŁe. No filme, a infiltrada desconfiança e a carĂȘncia afetiva sĂŁo meticulosamente analisados no plano do previsĂvel, mas nem por isso menos denso.
Arnold, que em 2006 ganhou o prĂȘmio do jĂșri trazendo a aspereza da natureza vingativa em âRed Roadâ, e jĂĄ havia conquistado uma estatueta do Oscar no ano anterior pelo curta âWaspâ, tem todo o mĂ©rito ao extrair deste âAquĂĄrioâ sutilezas e desconcertos de viĂ©s orgĂąnico da estreante Katie Jarvis, ao optar por um tratamento quase documental.
âFish Tankâ Ă© centrado na jovem Mia, crescida em um ambiente desestruturado e emocionalmente hostil, que acostumada a violĂȘncia verbal, Ă© surpreendida pelo mĂnimo de ternura que lhe prestam, acabando por despertar fascinação pelo namorado de sua mĂŁe. No filme, a infiltrada desconfiança e a carĂȘncia afetiva sĂŁo meticulosamente analisados no plano do previsĂvel, mas nem por isso menos denso.
Arnold, que em 2006 ganhou o prĂȘmio do jĂșri trazendo a aspereza da natureza vingativa em âRed Roadâ, e jĂĄ havia conquistado uma estatueta do Oscar no ano anterior pelo curta âWaspâ, tem todo o mĂ©rito ao extrair deste âAquĂĄrioâ sutilezas e desconcertos de viĂ©s orgĂąnico da estreante Katie Jarvis, ao optar por um tratamento quase documental.
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Ingleses
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O roteiro de Nicky Hornby (âUm Grande Garotoâ e âHigh Fidelityâ) Ă© baseado nas memĂłrias do jornalista Lynn Barber e nos apresenta a protagonista Jenny, de 16 anos, jovem bela e aplicada nos estudos, ainda que sua nĂŁo-excelencia em latim seja recriminada pelo pai, vivido por Alfred Molina, que considera a disciplina essencial para que a filha garanta vaga na tradicional Oxford.
Mas o sufocamento provocado pela mesmice e o tĂ©dio adolescentes de Jenny encontra alĂvio e encantamento em David (Peter Sarsgaard): rapaz gentil, simpĂĄtico, trinta e poucos anos:âum grande Gatsbyâ, que a deslumbra com dispendiosos jantares, passeios em conversĂveis, leilĂ”es de arte, atĂ© uma viagem Ă Paris.
Assim como no romance de F. Scott Fitzgerald, o pĂłs guerra permea o romance que, em suma: discorre sobre o dilema âeduação formal versus experiencia de vidaâ arquestrado com sofisticação pelas lentas da cineasta dinamarquesa Lone Scherfig, que jĂĄ havia estreado em longas ingleses com âMeu IrmĂŁo quer se Matarâ.
O elenco tambĂ©m Ă© requintado e afinado: Dominic Cooper, Rosamund Pike, Sally Hawkins e Emma Thompson juntam-se a Molina e Sarsgaard num excelente filme que assim como o tambĂ©m ingĂȘs âFish Tankâ, tem a trama centrada em protagonistas do sexo feminino, indo em oposição ao cinema norte-americano.
âAn Educationâ levou dois prĂȘmios: para a diretora e o cinegrafista John de Bornan, alĂ©m da nomeação ao grande premio do Juri em Sundance.
Mas o sufocamento provocado pela mesmice e o tĂ©dio adolescentes de Jenny encontra alĂvio e encantamento em David (Peter Sarsgaard): rapaz gentil, simpĂĄtico, trinta e poucos anos:âum grande Gatsbyâ, que a deslumbra com dispendiosos jantares, passeios em conversĂveis, leilĂ”es de arte, atĂ© uma viagem Ă Paris.
Assim como no romance de F. Scott Fitzgerald, o pĂłs guerra permea o romance que, em suma: discorre sobre o dilema âeduação formal versus experiencia de vidaâ arquestrado com sofisticação pelas lentas da cineasta dinamarquesa Lone Scherfig, que jĂĄ havia estreado em longas ingleses com âMeu IrmĂŁo quer se Matarâ.
O elenco tambĂ©m Ă© requintado e afinado: Dominic Cooper, Rosamund Pike, Sally Hawkins e Emma Thompson juntam-se a Molina e Sarsgaard num excelente filme que assim como o tambĂ©m ingĂȘs âFish Tankâ, tem a trama centrada em protagonistas do sexo feminino, indo em oposição ao cinema norte-americano.
âAn Educationâ levou dois prĂȘmios: para a diretora e o cinegrafista John de Bornan, alĂ©m da nomeação ao grande premio do Juri em Sundance.
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distrito 9
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Uma nave espacial estaciona em nosso planeta e desta vez nĂŁo estĂĄ pairando sobre Washington ou Nova York, e sim Joanesburgo, Africa do Sul, nacionalidade do jovem diretor e roteirista Neill Blomkamp, que aos 22 anos teve indicação ao PrĂȘmio Emmy pelos efeitos visuais na sĂ©rie televisiva de James Cameron: âDark Angelâ.
Graduado pela Vancouver Film School em Efeitos Visuais e Animação 3D tem em seu currĂculo de animador o filme â3000 Miles to Gracelandâ e a sĂ©rie âSmallvilleâ e, aos 30 anos, estrĂ©ia muito bem na direção de âDISTRICT 9âł: ficção alienĂgena (muito da boa) que foge dos padrĂ”es de hollywood e renova bem sucedidamente o gĂȘnero.
O filme inova jĂĄ pela perspectiva documental apresentada no Ănicio e a refrescante idĂ©ia de um protagonista antiherĂłi ao invĂ©s do mocinho sobrehumano; o personagem Ă© interpretado na medida exata pelo ator tambĂ©m sulafricano Sharlto Copley: Wikus Van De Merwe Ă© um ordinĂĄrio funcionĂĄrio da empresa privada MNU que administra o Distrito 9, colĂŽnia cercada onde vivem os alĂenigenas apĂłs serem âresgatadosâ da nave mĂŁe. ApĂłs 20 anos num processo de favelização, os depreciativamente intitulados âcamarĂ”esâ vivem confinados neste gueto militarizado em condiçÔes precĂĄrias de moradia e higiene sujeitos a prostituição interespĂ©cimes e contrabando por intermĂ©dio de gangues nigerianas que, assim como a MNU, estĂŁo interessadas na tecnologia do arsenal bĂ©lico encontrado na nave. Ă neste contexto que o protagonista Ă© exposto a uma substĂąncia desconhecida e em consequĂȘncia passa a ser procurado pelo governo e, foragido, tem apenas um lugar para recorrer: o Distrito 9.
Graduado pela Vancouver Film School em Efeitos Visuais e Animação 3D tem em seu currĂculo de animador o filme â3000 Miles to Gracelandâ e a sĂ©rie âSmallvilleâ e, aos 30 anos, estrĂ©ia muito bem na direção de âDISTRICT 9âł: ficção alienĂgena (muito da boa) que foge dos padrĂ”es de hollywood e renova bem sucedidamente o gĂȘnero.
O filme inova jĂĄ pela perspectiva documental apresentada no Ănicio e a refrescante idĂ©ia de um protagonista antiherĂłi ao invĂ©s do mocinho sobrehumano; o personagem Ă© interpretado na medida exata pelo ator tambĂ©m sulafricano Sharlto Copley: Wikus Van De Merwe Ă© um ordinĂĄrio funcionĂĄrio da empresa privada MNU que administra o Distrito 9, colĂŽnia cercada onde vivem os alĂenigenas apĂłs serem âresgatadosâ da nave mĂŁe. ApĂłs 20 anos num processo de favelização, os depreciativamente intitulados âcamarĂ”esâ vivem confinados neste gueto militarizado em condiçÔes precĂĄrias de moradia e higiene sujeitos a prostituição interespĂ©cimes e contrabando por intermĂ©dio de gangues nigerianas que, assim como a MNU, estĂŁo interessadas na tecnologia do arsenal bĂ©lico encontrado na nave. Ă neste contexto que o protagonista Ă© exposto a uma substĂąncia desconhecida e em consequĂȘncia passa a ser procurado pelo governo e, foragido, tem apenas um lugar para recorrer: o Distrito 9.
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a complexidade da existĂȘncia
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Começar dizendo que o filme do ator e cineasta russo Nikita Mikhalkov Ă© um remake de â12 Angry Menâ(1957) de Sidney Lumet Ă©, no mĂnimo, reducionista. A estĂłria Ă© igualmente adaptada do roteiro de Reginald Rose: um jovem rĂ©u acusado de assassinar o pai num caso que parece ser de veredicto automĂĄtico, logo se torna um drama pessoal de cada um dos doze jurados, seus preconceitos sobre o acusado e uns aos outros; mas â12âł (2007) nĂŁo Ă© outro senĂŁo um filme essencialmente russo:
Nikita, que atua como um dos jurados no caso de um adolescente acusado pelo assassinato de seu padrasto, um oficial militar russo que o acolheu durante a guerra da Chechenia, transpĂ”e o cenĂĄrio da sala do jĂșri, para um anexo: o ginĂĄsio de um colĂ©gio e a histĂłria particular de cada jurado se funde na fragmentada sociedade russa dos tempos atuais.
Atual presidente da FundaçÄo da Cultura Russa e do Festival Internacional de Cinema de Moscou jĂĄ se dedicava a filmes histĂłricos na entĂŁo URSS durante das dĂ©cadas de 70 e 80. Em 77 âPeça Inacabada de Piano MĂȘcanicoâ mostra o choque das RĂșssias monĂĄrquica e revolucionĂĄria no seio de uma famĂlia de classe mĂ©dia. No documentĂĄrio âAnna dos 6 aos 18â(1993) filmado ao longo de 12 anos com sua filha, tem o plano de fundo a vida polĂtica soviĂ©tica. Ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 95 por âO Sol Enganadorâ em que transparecem a falĂȘncia espiritual e o isolamento dos personagens refletidos em crĂticas sobre a modernidade e sobre os regimes polĂticos, seus temas constantes.
Pessoalmente, o roteiro e o enviesamento polĂtico sĂŁo coadjuvantes quando o filme, como arte, envolve pela fotografia, direção e execução esplĂȘndidas, a beleza, a profundidade, o ritmo do filme bem dosado com flashbacks da infĂąncia do rĂ©u, sĂŁo entidades universais. Eu me derreteria em adjetivos e elogios. Mas deixo para o JĂșri de Veneza que concedeu a Nikita um prĂȘmio especial pelo conjunto de sua Obra em 2007, ano que â12âł concorreu ao LeĂŁo de Ouro:
âO JĂșri tem a satisfação de reconhecer o brilhantismo consistente do corpo de trabalho de Nikita Mikhalkov. Seu novo filme Ă© mais uma vez uma confirmação da sua mestria na exploração e revelação, com grande humanidade e emoção, a complexidade da existĂȘncia.â
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US$ 74
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O artista plĂĄstico britĂąnico Marc Pierce tinha uma idĂ©ia na cabeça, voluntĂĄrios angariados atravĂ©s do Facebook, apenas uma cĂąmera na mĂŁo ( a segunda quebrou), e o equivalente a US$ 74: âNĂłs compramos um pĂ©-de-cabra e uns rolos de fita. Compramos tambĂ©m chĂĄ e cafĂ©, para manter os zumbis bem dispostos durante as filmagensâ.
Exibido durante um festival de terror no PaĂs de Gales onde seus organizadores o recomendaram para um agente, chegou com uma sessĂŁo vazia em Cannes, mas causou burburinho suficiente para uma oferta de distribuição do filme na GrĂŁ-Bretanha. âColinâ mostra a perspectiva do zumbi em sua nova condição trĂŽpega, e sua irmĂŁ, que o leva para casa na tentativa de ativar alguma memĂłria afetiva para fazĂȘ-lo voltar ao normal.
Pierce como ator Ă© um Ăłtimo diretor. Isso diz quase tudo sobre o filme. Mas as crĂticas, algumas cenas (realmente) sem nexo, a grande maioria delas desnecessariamente longas e monĂłtonas, a pĂ©ssima atuação generalizada (desculpe mas o âelencoâ faz parecer semi-impossivel recriar os trejeitos de um semimorto), parecem perder a força no momento em que se pensa dizer âeu faria melhorâ: o mĂ©rito de Pierce Ă© exclusivamente esse, ele, de fato, o fez; bom ou ruim.
Exibido durante um festival de terror no PaĂs de Gales onde seus organizadores o recomendaram para um agente, chegou com uma sessĂŁo vazia em Cannes, mas causou burburinho suficiente para uma oferta de distribuição do filme na GrĂŁ-Bretanha. âColinâ mostra a perspectiva do zumbi em sua nova condição trĂŽpega, e sua irmĂŁ, que o leva para casa na tentativa de ativar alguma memĂłria afetiva para fazĂȘ-lo voltar ao normal.
Pierce como ator Ă© um Ăłtimo diretor. Isso diz quase tudo sobre o filme. Mas as crĂticas, algumas cenas (realmente) sem nexo, a grande maioria delas desnecessariamente longas e monĂłtonas, a pĂ©ssima atuação generalizada (desculpe mas o âelencoâ faz parecer semi-impossivel recriar os trejeitos de um semimorto), parecem perder a força no momento em que se pensa dizer âeu faria melhorâ: o mĂ©rito de Pierce Ă© exclusivamente esse, ele, de fato, o fez; bom ou ruim.
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Ibrahim Labyad
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âIbrahim Labyadâ(2009) Ă© uma experiĂȘncia incĂŽmoda e ainda assim a idiossincrasia do Cairo deixa o filme muito belo. TrĂȘs referĂȘncias permeiam o filme, segundo longa do diretor egĂpcio Marwan Hamed: âCidade de Deusâ, âA PaixĂŁo de Cristoâ e âDuro de Matarâ. E funciona.
Como no brasileiro de Meireles, explora os desmembramentos no processo de favelização: a ilegalidade, as hierarquias particulares, a selvageria do âjudiciĂĄrio e executivoâ marginais, o protecionismo dessa população aos criminosos. Indigestas sequĂȘncias de violĂȘncia explĂcita deixam a âA PaixĂŁo..â pra trĂĄs; corpos sendo cortados, surrados, perfurados, queimados, torturados, ossos quebrados, um balĂ© de agressĂ”es onde maior que a repulsa Ă© o mĂ©rito pela sincronia, maquiagem e edição. E alĂ©m das Ăłtimas longas cenas de perseguição, que sĂŁo bem valorizadas na primeira parte do filme, o protagonista, um Bruce Willis âfromâ Egito, executor e certamente alvo de tanta brutalidade, resiste sobrehumanamente. E Ă© dito ser baseado em fatos reais (!).
O filme perde um pouco a adrenalina na segunda metade mas retoma apoteĂłticamente no sangrento final, a trama pode ser comparada a de uma novela, o enlance do protagonista e a canastrice na atuação do vilĂŁo por exemplo, mas sigo defendendo o âbom e bizarroâ conjunto do parĂĄgrafo anterior que o Hamed integra com propriedade.
* Marwan Hamed foi assitente dos premiados diretores egĂpios Samir Seif, Daoud Abdelsayed e Khairy Beshara; dirigiu os curtas Cairo (1997), End of the World (1998), Abul el Rish (1999), El Sheikh Sheikha (1999) e Lilly (2001), vencedor do prĂȘmio do pĂșblico no Festival de Clermont-Ferrand, maior festival internacional de curta metragem do mundo. TambĂ©m participou do primeiro campus de talentos do Festival de Berlim, em 2003. O primeiro longa do cineasta Marwan Hamed foi considerado o filme mais caro da histĂłria do cinema egĂpcio. Baseado no romance de Alaa Al Aswani, best-seller no Egito, âO EdifĂcio Yacoubianâ(2006), venceu de Melhor Filme nos Festivais de Tribeca, Nova York e Montreal e, apresentado na 30ÂȘ Mostra de SP, recebeu PrĂȘmio do JĂșri de melhor ator para Adel Iman. JĂĄ apresentava a temĂĄtica violenta ao tratar de corrupção, sexo e tortura.
Como no brasileiro de Meireles, explora os desmembramentos no processo de favelização: a ilegalidade, as hierarquias particulares, a selvageria do âjudiciĂĄrio e executivoâ marginais, o protecionismo dessa população aos criminosos. Indigestas sequĂȘncias de violĂȘncia explĂcita deixam a âA PaixĂŁo..â pra trĂĄs; corpos sendo cortados, surrados, perfurados, queimados, torturados, ossos quebrados, um balĂ© de agressĂ”es onde maior que a repulsa Ă© o mĂ©rito pela sincronia, maquiagem e edição. E alĂ©m das Ăłtimas longas cenas de perseguição, que sĂŁo bem valorizadas na primeira parte do filme, o protagonista, um Bruce Willis âfromâ Egito, executor e certamente alvo de tanta brutalidade, resiste sobrehumanamente. E Ă© dito ser baseado em fatos reais (!).
O filme perde um pouco a adrenalina na segunda metade mas retoma apoteĂłticamente no sangrento final, a trama pode ser comparada a de uma novela, o enlance do protagonista e a canastrice na atuação do vilĂŁo por exemplo, mas sigo defendendo o âbom e bizarroâ conjunto do parĂĄgrafo anterior que o Hamed integra com propriedade.
* Marwan Hamed foi assitente dos premiados diretores egĂpios Samir Seif, Daoud Abdelsayed e Khairy Beshara; dirigiu os curtas Cairo (1997), End of the World (1998), Abul el Rish (1999), El Sheikh Sheikha (1999) e Lilly (2001), vencedor do prĂȘmio do pĂșblico no Festival de Clermont-Ferrand, maior festival internacional de curta metragem do mundo. TambĂ©m participou do primeiro campus de talentos do Festival de Berlim, em 2003. O primeiro longa do cineasta Marwan Hamed foi considerado o filme mais caro da histĂłria do cinema egĂpcio. Baseado no romance de Alaa Al Aswani, best-seller no Egito, âO EdifĂcio Yacoubianâ(2006), venceu de Melhor Filme nos Festivais de Tribeca, Nova York e Montreal e, apresentado na 30ÂȘ Mostra de SP, recebeu PrĂȘmio do JĂșri de melhor ator para Adel Iman. JĂĄ apresentava a temĂĄtica violenta ao tratar de corrupção, sexo e tortura.
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Branco no Arroz
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White on Riceâ Ă© quase como um âForrest Gumpâ sendo dirigido por Wes Anderson( âRushmoreâ(1998), âOs ExcĂȘntricos Tenenbaumsâ (2001), âA Vida AquĂĄtica de Steve Zissouâ(2004) e âO expresso Darjeelingâ(2007). Com o melhor dessas duas referĂȘncias.
A trilha, a fotografia, a atmosfera lĂșdica dos filmes de Anderson sĂŁo identificadas desde os crĂ©ditos iniciais e sustenta ao longo do filme, que pode ser categorizado como comĂ©dia ou atĂ© comĂ©dia romĂąntica, por tratar as personagens com delicadeza e carinho e os dramas internos nunca sĂŁo explorados apelativamente, sempre muito sutilmente, mas o roteirista e diretor de âWhite on Riceâ, Dave Boyle, traz sim uma assinatura sua, verificada jĂĄ na cena inicial com a famĂlia reunida, os lances de cĂąmera sĂŁo âredondosâ, quase fluindo, alĂ©m de ser ainda mais acentuado no pueril, e no otimismo, sem acentuar ou julgar qualquer que seja o vĂcio de comportamento de cada personagem.
O Tom Hanks de Boyle, um imigrante de 40 anos, que apĂłs o divĂłrcio no JapĂŁo, vai morar com a irmĂŁ e o cunhado nos EUA, dividindo o beliche com seu introspectivo e prodĂgio sobrinho e 10 anos. O que para o protagonista nĂŁo causa nenhum ferimento em seu ego. Inocente, sonhador, e sem finesse social alguma, Jimmy cativa por sua pureza e espontaneidade, e igualmente diverte. O elenco todo Ă© igualmente tratado com muito respeito e profundidade em suas Ăąnsias existenciais.
Tradução do tĂtulo Ă parte, âComo Unha e Carneâ Ă© um filme indie, sutil, engraçado e feito por gente grande, no que diz respeito a qualidade, conteĂșdo e o belo resultado.
A trilha, a fotografia, a atmosfera lĂșdica dos filmes de Anderson sĂŁo identificadas desde os crĂ©ditos iniciais e sustenta ao longo do filme, que pode ser categorizado como comĂ©dia ou atĂ© comĂ©dia romĂąntica, por tratar as personagens com delicadeza e carinho e os dramas internos nunca sĂŁo explorados apelativamente, sempre muito sutilmente, mas o roteirista e diretor de âWhite on Riceâ, Dave Boyle, traz sim uma assinatura sua, verificada jĂĄ na cena inicial com a famĂlia reunida, os lances de cĂąmera sĂŁo âredondosâ, quase fluindo, alĂ©m de ser ainda mais acentuado no pueril, e no otimismo, sem acentuar ou julgar qualquer que seja o vĂcio de comportamento de cada personagem.
O Tom Hanks de Boyle, um imigrante de 40 anos, que apĂłs o divĂłrcio no JapĂŁo, vai morar com a irmĂŁ e o cunhado nos EUA, dividindo o beliche com seu introspectivo e prodĂgio sobrinho e 10 anos. O que para o protagonista nĂŁo causa nenhum ferimento em seu ego. Inocente, sonhador, e sem finesse social alguma, Jimmy cativa por sua pureza e espontaneidade, e igualmente diverte. O elenco todo Ă© igualmente tratado com muito respeito e profundidade em suas Ăąnsias existenciais.
Tradução do tĂtulo Ă parte, âComo Unha e Carneâ Ă© um filme indie, sutil, engraçado e feito por gente grande, no que diz respeito a qualidade, conteĂșdo e o belo resultado.
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âMark Ruffalo indianoâ
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O ator Abhay Deol de Oye Lucky! Lucky Oye! (2008) Ă© o âMark Ruffalo indianoâ, interpreta o protagonista Lucky, figura carismĂĄtica e sociavĂ©l que conquista pelo jeito simples e uma labia sempre sofisticada e afiada. Baseado na verĂdica histĂłria de Lucky Singh, o filme mostra a adolescencia, a tragicĂŽmico segundo casamento do pai, sua associação com o amigo Gogi numa carreira de furtos e contrabando, seu romance com a correta Sonal, suas incriveis fugas da polĂcia.
O plano de fundo um fictĂcio programa sensasionalista indiano sobre grandes e controversas figuras do mundo do crime contando a trajetĂłria dos roubos de Lucky, que termina sendo traĂdo pelo parceiro, quando o filme jĂĄ estĂĄ quase apĂĄtico e os crĂ©ditos finais em nada parecem com a frenesi inicial cheia de recursos, brilho e musicalidade.
Mas alĂ©m do jeito doce (Mark Ruffalo) de ser de Lucky, os primeiros dois terços valem muito a pena, a começar por uma, dita, abertura inicial, uma ode a Bollywood, cores, cenĂĄrios, figurinos kitsch, os acessĂłrios mil, a trilha contagiante que faz mexer as pernas durante quase todo tempo num ritmo ĂĄgil e caloroso do enredo, alĂ©m do recurso usado duas ou tres vezes de resumir alguns acontecimentos com divertidas sequĂȘncias de fotografias, que sustenta a agilidade e riqueza visual de âOye Lucky! Lucky Oye!â .
O plano de fundo um fictĂcio programa sensasionalista indiano sobre grandes e controversas figuras do mundo do crime contando a trajetĂłria dos roubos de Lucky, que termina sendo traĂdo pelo parceiro, quando o filme jĂĄ estĂĄ quase apĂĄtico e os crĂ©ditos finais em nada parecem com a frenesi inicial cheia de recursos, brilho e musicalidade.
Mas alĂ©m do jeito doce (Mark Ruffalo) de ser de Lucky, os primeiros dois terços valem muito a pena, a começar por uma, dita, abertura inicial, uma ode a Bollywood, cores, cenĂĄrios, figurinos kitsch, os acessĂłrios mil, a trilha contagiante que faz mexer as pernas durante quase todo tempo num ritmo ĂĄgil e caloroso do enredo, alĂ©m do recurso usado duas ou tres vezes de resumir alguns acontecimentos com divertidas sequĂȘncias de fotografias, que sustenta a agilidade e riqueza visual de âOye Lucky! Lucky Oye!â .
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